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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os copos

Ah, quem me dera
Morar num mundo todo feito de borracha!
Onde eu não quebrasse mais nem copos, nem crânios,
Nem seios, nem peito, nem mãos.

Tomo o risco dos teus traços
Com essa mesma inquietação engraçada
Viro o copo,
Cabaleante, num gole só!
Viro-me em direção aos teus olhos
E ele vem poderoso como se fosse um beijo, mas ao contrário.
O copo cai.
O corpo cai.

Como eu queria não estar deitado no sofá
Estar apenas envolto nos braços dos abraços
E que essa música tão alta não fosse tão insuportável
Ao ponto de abafar os meus gemidos.
Você nunca escuta.
Você...

Dançamos juntos durante a noite toda.
Eu contigo,
Você com alguém,
Alguém com outro alguém.
Dançamos juntos durante a noite toda.
Até aquelas sirenes malucas levarem-lhe embora quase todos os pares.
Nesse engodo, nessa alegria,
Teus olhos fecharam-se e eu me perguntava se eram as portas que estavam abertas
Ou se era só mais um cadáver esse caído aqui.
Como sempre fui bem criado,
Fechei todas as portas, as janelas, varri os cacos e apaguei bem todas as luzes.
O mais perfeito silêncio deitado ao teu lado.


Nós não nos amamos.
Nunca fizemos sexo.
Nunca trocamos uma única gota de saliva.
Exceto naquela noite em que lhe roubei o beijo mais tranqüilo, transparente e silencioso jamais antes escrito em porcaria de romance algum.
Que pena que você dormia.



Foto por: Tuane Eggers

sábado, 3 de dezembro de 2011

As Jabuticabas




- Tô naquele momento em que tu tem que deletar todas as músicas do teu mp3 e colocar novas . Chega uma hora que eu não sei nem do que eu gosto mais.
- Acho que isso é crescer.



Ele fez um silêncio tão profundo que pensei que ele iria sumir para dentro ali na minha frente. Sei que seus olhos corriam desesperados para trás e eu pude ver a patinha cinza de um coelho entre uma das rugas do seu rosto. Ele respirou fundo e soltou aquela fumaça branca.



Rindo baixinho eu disse que era o clima do verão que deixa a gente meio louco e que devia ser o efeito daquelas jabuticabas todas. Distribui bem o peso entre os meus dois pés, abri minhas costelas, olhei para os dois sentados no sofá e alinhei minha coluna.


Um dó.


domingo, 16 de outubro de 2011

Entre irmãos.

Eles te pregaram aí, não foi?
Sabe, gosto de fitar-lhe os olhos por horas a fio e sorrio sozinho ao ver que são iguais aos meus.
Sujeito eu sujeito a você.
Você gosta de mim?
De repente senti-me desconfortável e levantei.
Olhei para os meus joelhos e percebi que já estavam cobertos de sangue.
Sangue meu ou sangue seu?
Não faço a menor ideia, mas teu peso tornou-se pesado demais para meus ombros magros.
Te abandonarei hoje, como tu.

Escuta, eu tenho uma ideia:
Por que você não desce daí e caminha ao meu lado de uma vez por todas?
Seguro firme nas suas mãos dilaceradas e chegamos juntos a última estância de mim mesmo.


Foto por: Tuane Eggers

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Só no sono sonho


Hoje acordei gritando e rasguei a noite com meus próprios pesadelos:
Minha mão. A tua.
Corpo nosso violado em...
..............NÃO.......................Três...
.............. ACORDEM..................Tempos.
Rasguei tua pELE com a faca apertada em minhas mãos!




O que é isso?
É sangue?
É gelado demais para servir-me de alimento!
Devolve! Devolve!
Traz-me aqui tudo o que tirou de mim e deita diante da minha porta em profana oferenda.
DORME!
- Venham a mim todos os porcos e fucem com seus narizes imundos a ingenuidade da nossa lama!
Lambe as minhas botas com a mesma vivacidade que ontem me lambeu o pelo.





Eu te amo TANTO que roubei-lhe até a liberdade.


Foto por: Tuane Eggers.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Aquarianas


E se o mundo sumisse, Deus, você ainda existiria?
Pra quê?
As estrelas caem na piscina, mas me sinto cansado demais para nadar contigo.
Nada.

- A sua taça ainda está vazia!

Ainda assim eu gostaria de propor um brinde.


Foto por: Tuane Eggers

domingo, 18 de setembro de 2011

O estupro.

Eles dizem:
- Calma!
Eu calo.
Quando ela arranha-me o peito, nada me resta além do grito.
Quando ninguém está lá, ela aparece.
Já não tenho medo:
Jogo-me na cama, abro as pernas e convido-lhe a entrar.
Dilacera-me como aqueles abutres
Queima, chama, me ama.
- Solidão.

Foto por: Tuane Eggers

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um Éden.


Mantenho os olhos voltados para cima para ter certeza de que tu me acompanhas.



Talvez me considere um herege, mas para mim o paraíso é um lugar onde os cigarros brotam como flores e o sangue bendito de Cristo rega os verdes campos como uma tempestade.
Eu nunca entendi os anjos, mas soube que nas noites de festa eles dançam mais ou menos como eu (Nesse meio tempo, me pergunto se algum dia eles já me assistiram dançar – Eu acho que não.).
Bato na porta:



- Ei! Tem alguém aí?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

(Silêncio)



Entrecortado pelo nada de teu silêncio,
Silencio.
Balbucio palavras sem sentido
Mato os gritos que não fazes questão de escutar.
Corto o ritmo,
Quebro o tempo:
O teu silêncio.

Foto por: Tuane Eggers

terça-feira, 17 de maio de 2011

Na terra dos meninos-poema, eu.



Esquece o tempo, querido!
Esquece os relógios que nada mais eram do que inúteis maquinarias humanas:
Pretérito imperfeito!
Escuta a musicalidade metafísica da realidade que o cerca,
Toca-lhe num orgasmo puramente tátil;
Numa sinestesia de mil cores.
Aprecia o sabor inédito
E sorve nos lábios as delícias desta nova terra.

Você pode sentir este cheiro?
Você realmente pode sentir este cheiro? Guarda-o contigo, então.

Os peixes nadam pelas ruas,
As borboletas voam pelo chão.
Recebe este fluxo desconstrutivista,
Reconstrói a alma e toma teu rumo.

Foto por: Tuane Eggers

domingo, 15 de maio de 2011

Sobre seios.

Seios rijos, belos, excitantes:
Tesouro maior de um sexo frágil, fácil e sereno.
Prostitutas (mulheres) são belas apenas na moldura de uma cama.

Seios expostos e apontados como canhões.
Armas brancas rendem o mundo a sua vontade.
Algozes sedutores mais mortais que mil adagas.

Seios caídos, fracos, oprimidos.
Violentados pelo tempo cruel
Que lhes desfalece, sulca e enverga-os em direção ao solo.
Pobres vítimas de ponteiros simples e insensatos.

Foto por: Tuane Eggers

domingo, 3 de abril de 2011

Eu não

Eu não tenho direitos, desejos,
Nem qualquer motivação específica.
Não tenho no peito teu jeito,
Nem tu tens no seio minha vida.
Não posso, não devo, não nego.
Não quero razão,
Mas hoje eu queria te ter.

Foto por: Tuane Eggers

sábado, 1 de janeiro de 2011

Pedido

Há anos ela não existia
E agora me fita, macabra!
Se a porta está fechada, por favor, não abra.

Foto por: Tuane Eggers