terça-feira, 29 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
As baratas não mordem
Pausa coletiva. Quando você me olhar nos olhos com aquele sorriso besta e disser "Sumido!", irei apenas sorrir levemente e dizer: Sim, eu sumi. É uma pena não poder encontrá-lo mais vezes nesses caminhos escuros de volta pra casa, mesmo que eu tenha caminhado sozinho durante este tempo todo. Se nunca seguimos lado a lado na mesma direção, eu prefiro que você fique bem longe, pois pelo menos assim não me pisa nos ca...lcanhares e me derruba de cara no chão, como acontece sempre. Dessa vez eu juntei os meus dentes e fiz o mais poderoso amuleto contra essa vidinha que tu arrastas contigo. Não me digas o que fazer e nem penses que aqui perto estarás seguro. Eu acendo fogueiras, mas elas servem mais para queimar os restos do meu passado obscuro do que para trazer qualquer tipo de calor e humanidade ("que pena." - eu sempre penso quando queimo o dedo.). Todo bicho que tem dentes, morde. E isso é tudo o que nossas crianças deveriam saber.
Foto por: Tuane Eggers
Foto por: Tuane Eggers
domingo, 13 de maio de 2012
Ponto positivo
Hoje ele não quer. Afinal, tu fechas a porta com tamanha brutalidade e espera um
dia encontrar conforto! Hoje não.
Eu fecho-te numa tumba e me disponho a
acender-te uma vela uma vez por mês. Aos sábados, se você preferir. Sei
que jurei não sentir desta vez, mas antes que eu pudesse terminar minha
frase meu peito já pingava pesado de sangue. Peço desculpas pelas gotas
no sofá, mas se aproveitares esta noite
de lua cheia e pingar o sangue num pote com uma amostra da nossa lama,
uma violeta imensa brotará e cantará aos berros sua mais nova ária. É
pouco, mas é o que eu posso. É pouco, mas hoje em dia é assim para todo
mundo e quem não vive sozinho fala com a própria sombra. Colhe então
minhas póstumas violetas e faz com elas um belo arranjo para enfeitar a
cabeça, como faziam os antigos reis persas num ato de celebração ao amor
eterno. Descansarei ao teu lado uma vez ou outra, bem como um vulto que adentra a janela e faz morada no canto mais escuro do quarto de dormir.
Se hoje ele não quer quer dizer que a tumba continua vazia.
Se hoje ele não quer quer dizer que a tumba continua vazia.
Foto por: Tuane Eggers
sábado, 5 de maio de 2012
Finito.
Acontece que se ele é um perdedor, não importa de que lado da linha você esteja, esse teu sonho jamais se concretizará. Não é uma questão de crueldade, mas de fria e boníssima razão. Ele gagueja! Ele titubeia e não vem! Nunca. Dorme, dorme e os olhos acordam onde não mais tocam a minha face.
Morre! Some, então, como se fosse feito de fumaça. Lambe o chão que te leva para longe e some como se tiv...esse morrido. Se você soubesse que não preciso de muito, talvez deixasse de ser unha de fome e me desse um pedacinho desta terra sobrando aí. E se eu habitasse bem aqui? E se ocupasse um espaço imenso nesse seu coração? Seria demais? Seria desespero? Um tornado não me leva para longe, assim como os cavalos amarrados na sola do teu sapato, no fundo, não servem para nada. Talvez se você pulasse no dorso pulsante de um precípicio chegasse aos limites inesquecíveis de uma terra jamais povoada, mas sei que esse insano contato nosso perigo lhe transformaria para sempre. Um tanto de estrada e outro pouco de solidão resultam indiscutivelmente nesse ruído que abafa o nosso único som sustenido ponto e então morrem os teus lábios como morre tudo aquilo a que eu jurei distância. Amém.
Foto por: Tuane Eggers
terça-feira, 24 de abril de 2012
O Pequeno
Mas sabe que todas as flores perfumam mais bonito quando falo de você? E elas insistem em dizer que se eu não fosse tão besta já teria dado um jeito de levá-las até aí.
- Calem-se, bobinhas! Vocês não entendem o prazer do desprazer e nem sabem o sabor daquilo que os seus lábios jamais tocam. Vocês vivem.
E então as rosas desmaiam todas e fingem passar mal só para ouvirem-me rir e dizer que no final das contas não sou assim tão diferente delas.
Foto por: Tuane Eggers
- Calem-se, bobinhas! Vocês não entendem o prazer do desprazer e nem sabem o sabor daquilo que os seus lábios jamais tocam. Vocês vivem.
E então as rosas desmaiam todas e fingem passar mal só para ouvirem-me rir e dizer que no final das contas não sou assim tão diferente delas.
Foto por: Tuane Eggers
sexta-feira, 9 de março de 2012
Por nós, que não somos nada.

Eles abriram minhas pernas com seus cacetetes gigantescos e me fizeram sangrar.
Eles enfiaram seus canos de aço em minhas entranhas e puxaram o gatilho lá de dentro.
Eu gritei!
Ninguém escutou.
Eles então me deram uma cadeira de rodas e me obrigaram a fazer uma carteira para transitar pela cidade.
Eles me deram de presente todos os doces; todas as balas que haviam naquele moquifo e me obrigaram a sorrir como se fosse grato.
Eles me deram o silêncio e eu engoli a seco como se dissesse amém.
Foto por: Tuane Eggers
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Arquipélago

Ainda sangra?
Faz tanto tempo e tu ainda continuas com as mesmas besteiras de sempre.
Esse suco, esse choro, esse soluço. Você sabe que nada disso vai adiantar.
No final das contas, quero apenas o pedaço mais carnudo e suculento desse teu coração capenga. Eu só quero a melhor parte.
Não tive motivos para não gritar, mas calei mesmo assim. Calei enquanto roubavas daqui de dentro aquilo tudo que brilhava mais.
Mesmo que agora existam bonecas no leito onde antes tua cabeça repousava, eu ainda vivo. E volto lá de vez em quando. E dou-lhe um beijo na testa e grito:
- Não esquece de me chamar, tá?
Na verdade mesmo eu nunca quis somar presenças.
Somente compartilhar as nossas solidões.
Foto por: Tuane Eggers
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