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quarta-feira, 30 de maio de 2012

A culpa é de quem sofre mais.

Hoje eu fumei cigarros. Deus sabe que eu só fumo quando necessário. Deus sabe também que nem sempre oxigênio é o suficiente para manter o peito em movimento constante e imparcial. Hoje parece-me que abrir a janela não foi a melhor das opções. “Um buraco negro!”, foi o que ela disse e indiscutivelmente é exatamente assim que eu me sinto. Juro que quando balbuciei para mim mesmo (quase como uma reza) que não seria de todo trágico caso minha respiração acelerasse um pouco à tua sombra, não sabia que estouraria-lhe os tímpanos e cortaria ao meio teu corpo tão pequenino. Agora estou aqui, todo vestido de sangue e com os olhos esbugalhados segurando teu estômago em uma de minhas mãos. Por mais quente que teu manto seja, fogo mesmo só existe no fundo dos meus olhos e hoje eles não pararam de crepitar durante o dia inteiro. Jogaremos roleta russa. Cinco maços de cigarro, oito flores amarelas, o vinho que prometemos beber juntos e uma bala de revólver devem ser o suficiente para nós dois - você está mirando para o lado errado, amor. Estes são os meus miolos, não os teus.
Fitei o escuro profundo daquele túnel que levava ao arrebatamento. Fitei-o e percebi que aquele tímido buraquinho de revólver era apenas o reflexo do meu. De repente a luz veio lá do fundo e espalhou-se entre meus olhos e escorreu, tingindo-me até o sorriso de vermelho. Minha cabeça abriu-se como se eu
tivesse expulsado tudo. como se eu estivesse completamente nu, como se fosse eu.

Foto por: Tuane Eggers

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